quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Capítulo 4 - Crânio raciocina


Quando Miguel e Chumbinho fecharam o alçapão depois de pular para o
esconderijo secreto, da gaitinha do Crânio vinha uma melodia lenta, que se
espalhava por todo o forro do vestiário do Elite.

— Por que você fez o sinal de silêncio, Miguel?

O líder dos Karas sorriu quando olhou para o menino. No dedo indicador da
mão esquerda do Chumbinho, aquele que havia levado uma espetadinha para a
tal "cerimônia de iniciação", havia um enorme curativo. O dedo do garoto estava
enrolado com gaze e esparadrapo como se tivesse sofrido um sério acidente...

— Está rindo de quê, Miguel? Eu perguntei por que você fez o sinal de
silêncio.

— Ahn? Não sei, Chumbinho. Eu achei que havia alguma coisa estranha,
alguma coisa que me deixou desconfiado. Achei melhor não falar nada agora.
Além do mais, nós sabemos muito pouco.

— Mas tem aquele jeito estranho do Bronca. Ele nunca foi obediente assim.

— Pois é, Chumbinho. É só isso que temos. E não vamos contar nada para
ninguém. Pelo menos por enquanto.

Magrí e Calú chegaram juntos, e a menina foi a primeira a apresentar seu
relatório. Enquanto Magrí falava, o som da gaitinha do Crânio ficou suave como
uma carícia.

— O Bronca tinha uma namorada, sim, mas a garota não sabe de nada. Não
viu nada, nem ninguém estranho. Está tão "desconsolada" com o desaparecimento
 do Bronca que até já arranjou outro namorado pra ter com quem se "consolar"...
— E você, Calú?

— Nada estranho, Miguel. Ninguém se lembra de ter visto o Bronca falando com 
alguém desconhecido, nem sabem dizer se o Bronca estava diferente. Nada, nada mesmo.

— Eu descobri que o Bronca era um sujeito meio reservado — relatou Miguel.
— Não deu para saber se ele frequentava algum lugar especial fora do
colégio. Acho que estamos empacados, Karas. Nem sei por onde começar.

— E eu, Miguel? — perguntou Chumbinho apontando para si mesmo com o
dedo enfaixado.

Ai, ai, ai, Miguel tinha se esquecido do Chumbinho! Era preciso manter o
menino interessado até que fosse possível despistá-lo. Se o moleque se sentisse à
margem, poderia botar a boca no mundo e revelar todos os segredos dos Karas.
O jeito era seguir com o jogo:

— E você, Chumbinho? Descobriu alguma coisa?

— Eu grudei no Bino o dia todo, como você mandou, e descobri que ele é
legal. Gente fina, bom papo. Só que não é de nada no flíper...

— Não diga, Chumbinho!

— Descobri também que ele não era muito ligado no Bronca. Parece que
papearam uma ou duas vezes, só isso.

Nessa altura, todos os olhares estavam fixos no Crânio. O rapazinho parou de
tocar a famosa gaitinha, bateu-a na coxa para enxugar, e falou, correndo os olhos
por todos os companheiros até encontrar os grandes olhos de Magrí. Enrubesceu
um pouco e começou:

— Este não foi um sequestro comum, Karas. Acho que não devemos esperar
por algum bilhete ou telefonema misterioso.

Crânio espalhou as cópias de recortes de jornal pelo chão:

— O Bronca é o vigésimo oitavo estudante a desaparecer em cerca de dois
meses. Vejam: desapareceram três estudantes de nove colégios diferentes. É
fácil concluir então que o Bronca é a primeira vítima do Elite.

— A primeira vítima?! O que é que você quer dizer com isso?

— Quero dizer que estamos agindo contra uma organização poderosíssima,
na certa dirigida por uma cabeça privilegiada. Finalmente, um rival à minha
altura!

— Mas os sequestros...

— Não são sequestros comuns. Há um método. Um método científico de
amostragem. Estão sendo recolhidas três amostras de cada um de pelo menos
dez diferentes colégios, todos do mesmo padrão. Pelo jeito, eles querem jovens
da classe alta, bem alimentados, saudáveis, boas cabeças, atléticos...

— Então quer dizer que...

— Quer dizer que mais dois alunos do Elite devem ser sequestrados ainda esta
semana. Hoje mesmo, talvez!


* * *

Os Karas se entreolharam. A lógica do raciocínio do Crânio era indiscutível.
O perigo estava presente. E a ameaça era grave.

— Eles vão pegar mais dois de nós! — espantou-se a menina. — Mas, para
quê?

— Não sei ainda, Magrí. Cheguei a pensar em um sequestro em massa para a
obtenção de um vultoso resgate das maiores fortunas de São Paulo. Mas, nesse
caso, por que exatamente três alunos de cada colégio? Por que sempre os mais
saudáveis, atléticos e inteligentes? Por que não simplesmente os mais ricos? Está
claro! Ele não vai pedir resgate...

— Ele? Ele quem?

— Não sei quem é ele. Mas eu sinto que estou diante de um grande cérebro,
alguém muito especial. Perigosamente muito especial...

— Mas o que esse tal cérebro pretende com os estudantes sequestrados?

— Acho que esse cérebro criminoso não está sequestrando estudantes, Calú.
Está recolhendo cobaias!

— Cobaias humanas?! — assustou-se Chumbinho.

— Exatamente. Cobaias sadias, bem nutridas, para algum tipo de experiência
maluca. Maluca e macabra!

Chumbinho entendeu de repente toda a extensão do perigo que rondava o
Elite:

— Então era por isso que o Bronca estava estranho daquele jeito! Tão
obediente e tão careta. Vai ver eles hipnotizaram o Bronca pra facilitar o
sequestro!

— Nada disso, Chumbinho — interrompeu Crânio. — Em hipnose eu sou
especialista. Cientificamente, a hipnose é um método muito interessante, mas
tem as suas falhas. Não é todo mundo que pode ser hipnotizado. E o nosso genial
inimigo não admite falhas. O método dele é certeiro!

— Então... — raciocinou Magrí — se o Bronca estava diferente, de olho
parado, alguma coisa fizeram com ele. Se não foi hipnose, então...

— Então?

— Então vai ver deram uma droga pra ele!

— Isso mesmo, Magrí — Miguel confirmou. — Uma droga. Só o efeito de
uma droga poderia explicar o comportamento do Bronca...

Chumbinho entusiasmou-se:

— É isso! Eles agarraram o Bronca e obrigaram o coitado a tomar a tal
droga!

— À força? — sorriu Crânio. — Se eles pegaram o Bronca à força e
aplicaram-lhe uma droga, por que não carregaram logo com ele? Por que ele
ficou livre para circular por aí e ainda bater um papinho com você?

Chumbinho calou-se, e a hipótese mais terrível surgiu clara na cabeça de
Miguel:

— Então o Bronca tomou a droga por sua livre vontade? Nesse caso...

— Nesse caso a droga foi oferecida a ele tranquilamente, por alguém que ele
conhecia e em quem confiava — ajuntou Crânio. — E, se o Bronca estava no
Elite sob o efeito da droga, o mais lógico é supor que ele tenha tomado a droga
aqui dentro, não é?

— É... Parece lógico.

— Então esse tal oferecedor de drogas que ele conhecia e em quem
confiava... — começou Caiu.

Crânio arrematou:

— É daqui, de dentro do Elite!

— Barbaridade! E ele vai agir de novo! Duas vezes! Talvez até já esteja
agindo!

16 comentários:

  1. Melhor site que já vi! (blog) Só tem alguns errinhos, mas nada fatal.

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  2. Respostas
    1. Já q ta tão ruim paga pra ler, se é de graça não reclama

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  3. Respostas
    1. Mas não faz mal.
      Foram vocês que escreveram esses 30 capítulos que não ia errar Só se você fosse um gênio

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  4. Muito loco bicho, kkkkk. Amei com certeza sempre vou procurar esse site. Eu vou arrasar na prova. :3

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  5. Quarentena tá sendo foda aqui logo na punheta manoooo

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  6. Eu quero sabe a fala de Magri no conto

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