quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Capítulo 1 - Os Karas

   A campainha do Colégio Elite não soou dando o sinal para o recreio porque o
Colégio Elite não tinha campainha. Um colégio especial como aquele, para
estudantes muito especiais, não precisava de sinal. Todas as decisões no Elite
contavam com a participação direta dos alunos, que, por isso, cumpriam as
regras sem precisar de qualquer comando. As regras eram deles.
  Naquele momento, porém, Miguel não estava pensando nas regras
democráticas do colégio, embora fosse um dos mais entusiasmados oradores das
assembleias semanais. Não estava também ligado nas suas responsabilidades
como presidente do Grêmio do Colégio Elite.
  Enquanto andava apressado, depois de passar pela sala do diretor, a
preocupação de Miguel era bem outra. Na biblioteca, examinou a coleção de
jornais dos últimos meses e separou algumas matérias. A copiadora rapidamente
lhe forneceu duplicatas dos trechos escolhidos.
  Com a pasta de cópias debaixo do braço direito, Miguel entrou
silenciosamente no anfiteatro do Elite. De frente para o palco, onde ensaiava o
elenco de teatro do colégio, ele mostrou rapidamente a palma da mão esquerda.
Nela, alguém viu um Kdesenhado a tinta.

* * *

A professora de arte ficou chateada quando o ator principal da peça pediu
para deixar o ensaio, pois não aguentava mais de dor de cabeça.

— Está bem, Calú. Vá tomar um comprimido.


* * *

  Ninguém entendeu quando Crânio abandonou aquela partida de xadrez,
reconhecendo uma derrota que não existia, já que seu adversário estava
irremediavelmente perdido, com um bispo a menos e o rei encurralado, em
posição de levar xeque-mate em poucos lances.
Mas o xadrez tinha de esperar, porque o jovem gênio do Colégio Elite tinha
visto um K desenhado na palma da mão que se abrira na entrada da sala de
jogos.
  Quando Magrí viu aquele K, estava no meio de uma cortada fulminante que
não pôde ser aparada pelas jogadoras do outro time. E o professor de Educação
Física teve de lamentar a saída da melhor jogadora de vôlei do Colégio Elite.
Afinal, a garota tinha se queixado de uma torção no tornozelo. Era melhor não
forçar, pois o campeonato intercolegial começaria no próximo mês, e o time não
era nada sem a Magrí.
  A garota saiu mancando da quadra até se ver fora das vistas do professor. Aí,
não precisando mais fingir, correu para o esconderijo secreto dos Karas.

* * *

  Na entrada dos vestiários do Colégio Elite, havia um quartinho onde eram
guardadas as vassouras e outros materiais de limpeza. Um cantinho sem
lâmpada, escuro mesmo de dia. Por isso ninguém podia ver o pequeno alçapão
que havia no forro.
  Com a agilidade de um gato, Magrí saltou, agarrando a beirada do alçapão.
Afastou a tampa e jogou o corpo para cima como um trapezista.
Estava no esconderijo secreto dos Karas: todo o vasto forro do imenso
vestiário do Colégio Elite, iluminado no centro por algumas telhas de vidro por
onde passava a luz do dia, deixando todo o resto mergulhado na escuridão.
Bem no centro da pequena área iluminada, estava Miguel, sentado sobre os
calcanhares. A sua frente, espalhadas pelo chão, havia várias cópias de matérias
de jornal. Ao seu lado, Crânio e Calú esperavam em silêncio.
  Magrí fechou o alçapão e agachou-se junto aos amigos, sem uma palavra.
O grupo dos Karas estava completo. Haviam sido convocados
pelo K desenhado na mão esquerda de Miguel, o sinal de emergência máxima.
Crânio tirou sua famosa gaitinha do bolso e ficou passando-a pelos lábios, sem
soprar, lentamente.
  Calú quebrou o silêncio, sem se preocupar com o tom de voz, pois o forro do
vestiário era bem espesso e não deixava vazar nenhum som:

— O que houve, Miguel?

Com os olhos nas cópias de jornal, ainda sentado como um sacerdote budista,
Miguel falou pausadamente:

— É uma emergência máxima. Está na hora de os Karas...
  Um ruído veio do alçapão. Por um décimo de segundo, os Karas se entreolharam.
O grupo estava completo. Quem estaria invadindo o esconderijo?
  Obedecendo a um sinal de cabeça do líder, Crânio, Magrí e Calú saltaram
para longe da luz, escondendo-se silenciosamente na escuridão.
  Estariam descobertos? Ou seria algum servente do colégio que resolvera subir
no forro do vestiário por alguma razão inocente?
  A tampa do alçapão foi afastada. Os Karas puderam perceber que havia
alguém pendurado na beirada, esforçando-se para subir. Parecia ser um corpo
bem mais leve do que o de qualquer um dos serventes.
 Magrí estendeu o braço e apertou a mão protetora de Miguel.
Uma cabecinha apareceu na abertura do alçapão e uma vo-zinha brincalhona
invadiu o forro:

— Vamos, Karas, apareçam! Eu sei que vocês estão aí!

O dono da vozinha e da cabeça pulou para dentro do esconderijo, fechou o
alçapão e avançou até a área iluminada.
Os Karas puderam ver a carinha sorridente do Chumbinho.


* * *

— Como é, Karas? Eu sei quem vocês são, o que vocês são e sei que esta
deve ser uma reunião importante.

Dos cantos escuros não veio nenhuma resposta. O pequeno intruso continuou:

— Que surpresa, hein? Eu sei tudo sobre vocês. Há muito tempo eu estou de
olho em todos os seus movimentos. Mas não precisam esquentar a cabeça: só eu
sei de vocês, não contei nada a ninguém!

O silêncio novamente respondeu ao menino.

— E então? Querem brincar de esconde-esconde? Ah, ah, ah! Eu pensava
que os Karas se reuniam para coisas mais importantes!

Calú mordeu o lábio e Magrí apertou um pouco mais a mão de Miguel,
enquanto Chumbinho continuava com a brincadeira, saboreando o seu triunfo:

— Querem que eu encontre vocês? Quem vai ser o primeiro? A Magrímagricela?
O Crânio? O Calú? Ou vamos começar pelo chefão? Hein, Miguel? O que você me diz?
Eu sei ou não sei quem são vocês?

Lentamente, cada um dos Karas saiu da escuridão. Chumbinho logo estava
cercado pelos quatro, bem debaixo da luz que se escoava pelas telhas de vidro. O
menino era um palmo mais baixo que o menor dos Karas, mas seu sorriso era o
de um gigante:

—Olá, pessoal! Por essa vocês não esperavam, hein?

Magrí agarrou o garoto pela gola do uniforme:

— Seu pirralho! Eu devia...

— Ei, calminha, campeã! É assim que vocês recebem as
visitas?

— Largue o menino, Magrí.

Era a voz de Miguel. Baixa, seca, como deve ser a voz de um comandante.
Magrí soltou Chumbinho, e Miguel pôs a mão no ombro do invasor:

— O que você quer aqui?

— Ora, Miguel, ainda pergunta? Eu quero ser um dos Karas, é lógico!

31 comentários:

  1. para quem quer ler um livro de suspence e historias policias essse livro é
    otimo

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    1. tenho q fazer uma prova desse livro entt vou ter q ler bem rápido poi já é dia 13 de outubro a prova; amei mt o livro.

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  2. Nao entedi o começo nem o meio e nem o fim quer dizer tendi foi nada

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  3. Com este surto de coronavirus que esta tendo não está tendo mais aulas então a professora passou este livro para lermos durante o surto , no momento estou gostando vou fazer um comentário sobre o que achei do livro no último capítulo.

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  4. se alguem precisar fazer resumo disso usem o site resoomer ai ele vai fazer o resumo pra vc

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  5. é parece ser legalzinho

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  6. He podia ter a páginas mas mesmo assim é legal

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  7. Obrigado pela postagem

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