— Me larga, seu gorila! Me solta!
— Fique quieta, menina! Eu não quero lhe fazer mal!
A gordura do detetive enganava muito. Andrade era forte como poucos.
Tinha agarrado o jovem mendigo com uma das mãos e a garota mendiga com a
outra. Por mais que se debatessem, os dois esfarrapados não conseguiam soltar-se.
— Fiquem quietos! Não tenham medo! Eu sei quem vocês são! — berrava o
detetive.
— Sabe nada! — berrava de volta o mendigo. — Nós somos dois pobres
mendigos. Não fizemos nada! O senhor não pode prender a gente!
— Eu não estou prendendo ninguém. Vocês são dois dos estudantes
sequestrados, não são? Você é a Magrí e você é o Crânio! Esse disfarce não
engana meu faro de detetive. Quero falar com vocês. Fiquem quietos!
Andrade arrastou os dois para uma sala e fechou a porta.
— Você! — acusou a menina. — Você é da quadrilha de sequestradores!
Não se aproxime de mim!
— Magrí! Crânio! —suplicou o detetive. —Eu não sou nada disso. Confiem
em mim!
— Não! Você é o inimigo! — berrou Magrí. — Eu quero o detetive Rubens!
Exijo falar com o detetive Rubens!
Andrade balançou a cabeça:
— Vocês não sabem a diferença entre mocinhos e bandidos! Pois saibam que
o detetive Rubens acaba de sair daqui sequestrando o prisioneiro Zé da Silva e um
rapazinho, que eu nem sei quem é!
— Calú? Sequestraram o Calú? — surpreendeu-se Crânio.
— Era o Calú? — assombrou-se mais ainda Andrade. — O outro sequestrado?
Mas, afinal, vocês três foram ou não foram sequestrados?
Foi aí que Crânio percebeu o erro que os Karas tinham cometido. Ao se
fazerem de sequestrados, eles tinham se acusado para a quadrilha! Os bandidos
seriam os únicos a saber que eles não haviam sido sequestrados. E, se Andrade
pensava que eles faziam parte dos desaparecidos, então Andrade era inocente!
Diabo! Miguel tinha errado outra vez!
— Ele tem razão, Magrí — concluiu Crânio, segurando a menina enfurecida.
— Ele é amigo. Miguel enganou-se. O bandido é o Rubens. Calú caiu numa
armadilha!
* * *
Crânio e Magrí contaram para Andrade tudo o que sabiam. E eles sabiam
agora que, além de Chumbinho, Miguel e outros garotos, Calú e Márius
Caspérides também estavam nas mãos da quadrilha.
— Quer dizer que esse tempo todo eu tive aqui, na delegacia, a única pista do
mistério? — perguntou Andrade.
— Pois é — confirmou Magrí. — Eu ouvi a conversa dos bandidos falando da
fuga de Márius Caspérides e da prisão de um tal Zé da Silva. Depois Crânio teve
o palpite: analisando a conversa que eu tinha ouvido, descobriu que as duas
pessoas eram uma só!
— Não foi uma questão de palpite — consertou Crânio. — Foi uma questão
de lógica.
Andrade andava de um lado para o outro:
— Certamente Rubens levou Calú e Caspérides para o mesmo lugar onde
esconderam os outros.
Magrí sorriu tristemente:
— O problema é saber onde fica esse lugar...
Crânio fez aquela cara triunfante que sempre fazia quando tinha uma idéia
brilhante:
—Acho que temos um jeito de saber...
—Que jeito é esse? Fala logo!
* * *
Àquela hora, a rua onde morava o bioquímico Márius Caspérides já estava
movimentada.
Numa esquina, três homens corpulentos discutiam dentro de um carro preto
estacionado:
— ... a gente estava quase pegando o sujeito, quando o tal assaltante de
banco...
— O Zé da Silva.
— É. O Zé da Silva.
— E aí?
— Aí a gente foi em cana.
— É...
— Pense! Precisamos pensar!
— Tô com muito sono pra pensar!
Um rapaz todo esfarrapado passou correndo ao lado do carro e jogou um
papel lá dentro. Em um segundo, o rapaz já tinha desaparecido.
— O que é isso? — perguntou o Animal.
— Um papel — respondeu o Coisa.
— E claro que é um papel, seu idiota!— reclamou o Fera. — Dá aqui!
O Fera abriu o papel, que estava dobrado em dois.
— É um bilhete!
— E o que é que está escrito? — perguntou o Coisa.
— Hum... deixa ver... — resmungou o Fera. — Leia você, que eu estou sem
óculos.
— Mas você não usa óculos...
— Então preciso usar. Leia!
O Coisa pegou o bilhete. Limpou a garganta com um pigarro e ficou olhando
para o papel.
— Tô com muito sono pra ler!
O Animal perdeu a paciência e arrancou o bilhete da mão do Coisa:
— Dá isso aqui. Eu leio. Está escrito: O chefe quer ver vocês imediatamente.
Corram!
— O chefe? Deve ser o Doutor Q.I.!
— É claro que só pode ser o Doutor Q.I., seu burro! Que outro chefe nós
temos?
— Aqui diz corram. Acho melhor a gente andar logo!
O Fera deu a partida no carro preto.
Não notou que estavam sendo seguidos por outro carro com um homem
gordo ao volante e dois jovens mendigos.
Este comentário foi removido pelo autor.
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ResponderExcluirSe iscreve
ExcluirVc escreve comentarios tao sem nexo!⏺⏺⏺
ResponderExcluirOiiii
ResponderExcluirEu
ResponderExcluirEu amei
ResponderExcluirMuito bonitooo
ResponderExcluirEsse livro é muito bom,ver comentários de 2020,2019 e 2018 mostra isso
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