quinta-feira, 6 de março de 2014
Capítulo 2 - Wushu
Os dias que se seguiram passaram depressa e sem
acontecimentos memoráveis, até que começaram as aulas na
universidade. Fiquei sabendo dos trabalhos que teria que fazer para
cada disciplina e percebi que minhas experiências na Índia viriam a
calhar. Poderia escrever sobre Hampi em minha pesquisa sobre uma
metrópole indiana, discutir a importância da flor de lótus como
símbolo religioso em antropologia e escolher como tema de meu
trabalho final de religião algum aspecto de Durga. A única matéria
que parecia excessivamente desafiadora era latim.
Não demorou para que eu estabelecesse uma rotina
confortável. Visitava Sarah e Mike com frequência, assistia às aulas e
falava com o Sr. Kadam toda sexta-feira. Na primeira semana ele me
ajudou com um relatório que comparava os veículos utilitários e o
indiano Nano, e, graças a seu vasto conhecimento sobre carros e
minha descrição realista do que é dirigir na Índia, tirei a melhor nota
da turma. Minha mente estava tão entretida com as tarefas
acadêmicas que me sobrava pouco tempo para me preocupar com
qualquer outra coisa — ou pensar em qualquer outra pessoa.
Numa dessas sextas-feiras o telefonema do Sr. Kadam me
trouxe uma surpresa interessante. Depois de conversar sobre a
universidade e meu último trabalho sobre os padrões climáticos no
Himalaia, ele abordou um assunto novo.
— Eu a matriculei em outra aula — começou ele. — Acho que
vai lhe agradar, mas consumirá mais do seu tempo. Se estiver ocupada
demais, entender.
— Na verdade, uma aula a mais provavelmente seria uma boa
ideia — repliquei, curiosa em saber o que ele havia planejado para
mim.
— Maravilhoso! Você vai aprender wushu em Salem —
explicou o Sr. Kadam. — As aulas são às segundas, quartas e senas, de
seis e meia às oito da noite.
— Wushu? O que é isso? Alguma língua indiana? — perguntei,
torcendo para que não fosse.
O Sr. Kadam riu.
— Ah, como eu sinto falta de ter a senhorita por perto. Não,
wushu é um tipo de arte marcial chinesa. Uma vez me disse que tinha
vontade de aprender artes marciais, correto?
Deixei escapar um suspiro de alívio.
— É, parece divertido. Posso incluí-lo em minha agenda.
Quando as aulas começam?
— Na próxima segunda. Prevendo que iria concordar, mandei
um pacote para a sua casa com o material necessário. Deve chegar
amanhã.
— Sr Kadam, não precisa fazer tudo isso por mim. O senhor
tem que parar de me encher de presentes ou eu nunca poderei quitar
essa dívida.
— Srta. Kelsey, não há nada que eu possa fazer que chegue
sequer perto de Dagar o que lhe devo. Por favor, aceite essas
coisinhas. Isso alegra muito o coração de um velho.
Eu ri.
— Está bem, Sr. Kadam. Não precisa ser tão dramático. Vou
aceitar, se isso o deixa feliz. Mas o martelo ainda não foi batido em
relação ao carro.
— Vamos cuidar disso depois. Aliás, decifrei uma pequena
parte da segunda coluna. Talvez tenha algo a ver com o ar, mas ainda
é cedo demais ‘ara tirar qualquer conclusão. Essa é uma das razões
por que eu gostaria que você aprendesse wushu. Vai ajudá-la a
desenvolver um melhor equilíbrio da mente e do corpo, o que pode
ser proveitoso se sua próxima aventura se passar acima do chão.
— Com certeza eu não me importo de aprender a lutar e me
defender também. O wushu teria sido útil contra os kappa —
brinquei. — As traduções estão difíceis?
— Estão muito... desafiadoras. Os marcos geográficos que
traduzi não se encontram em território indiano. Estou preocupado
com a possibilidade de os outros três objetos que procuramos estarem
em qualquer outro lugar do mundo. É isso ou meu cérebro está muito
cansado
— O senhor virou a noite outra vez? Precisa dormir. Faça um
chá de camomila e vá descansar um pouco
— Talvez tenha razão. Acho que vou tomar um chá enquanto
leio algo leve sobre o Himalaia para o seu trabalho.
— Mas não deixe de descansar. Sinto saudade do senhor.
— Eu também, Srta. Kelsey. Até logo.
— Tchau.
Pela primeira vez desde que voltara para casa, senti uma onda
de adrenalina percorrer o meu corpo. Mas assim que desliguei o
telefone a depressão se instalou outra vez. Eu esperava ansiosa por
nossos telefonemas semanais e sempre me entristecia quando
chegavam ao fim. Era o mesmo sentimento que eu experimentava
depois do Natal. A expectativa do feriado crescia durante todo o mês.
Então, quando os presentes eram abertos, a ceia era saboreada e as
pessoas partiam, cada uma seguindo o seu caminho, eu ficava com
uma melancólica sensação de perda.
Lá no fundo eu sabia que a verdadeira razão da minha tristeza
era porque só havia um presente que eu queria de verdade: que ele
ligasse. No entanto, isso não acontecia. E cada semana que se passava
sem que eu ouvisse sua voz destruía minhas esperanças. Eu tinha
deixado a Índia para que ele pudesse começar a vida com outra
pessoa, então deveria me sentir feliz por ele. Eu me sentia, de certa
forma, mas ao mesmo tempo estava arrasada por mim mesma.
Experimentava aquela melancolia de quando as férias chegam
ao fim e é hora de voltar à escola. Ele fora meu maior presente, meu
milagre particular, e eu estraguei tudo. Abri mão dele. Era como
ganhar um convite para o camarim do seu maior ídolo e doá-lo para a
caridade. Não fazia o menor sentido.
No sábado meu misterioso pacote de artes marciais chegou.
Era grande e pesado. Eu o empurrei até a sala e peguei a tesoura no
escritório para cortar a fita adesiva da embalagem. Dentro encontrei
calças de ginástica e camisetas pretas e vermelhas, todas exibindo a
logomarca do Estúdio de Artes Marciais Shing, que mostrava um
homem desferindo um soco no rosto e outro lançando o pé na direção
do abdome de seu oponente.
Também encontrei dois pares de sapatos e um conjunto de
casaco e calça de cetim vermelho. O casaco tinha botões pretos na
frente e uma faixa também preta. Eu não tinha a menor ideia de
quando ou como eu precisaria usar isso, mas achei bonito.
O que tornava a caixa pesada era a variedade de armas que
encontrei dentro dela. Havia um par de espadas, alguns ganchos,
correntes, um bastão de três seções e vários outros objetos que eu
nunca tinha visto.
Se o Sr. Kadam está tentando me transformar numa guerreira
finja, vai ficar muito decepcionado, pensei, lembrando-me de que
ficara paralisada durante o ataque da pantera. Será que vou mesmo
precisar dessas habilidades? Acho que viriam a calhar se eu voltasse à
Índia e tivesse que lutar com o que surgisse em nosso caminho na
busca do segundo presente de Durga. Essa ideia fez o cabelo em minha
nuca arrepiar.
Na segunda-feira cheguei cedo à aula de latim, e minha rotina
feliz esbarrou num obstáculo quando Artie, o assistente do
laboratório de idiomas, aproximou-se de minha carteira. Ele parou
muito perto de mim. Perto demais. Ergui os olhos para ele, na
esperança de que a conversa fosse rápida e ele saísse de meu espaço
pessoal.
Artie era o único cara que eu conhecia com coragem suficiente
para usar um pulôver de lã com gravata-borboleta. O triste era que o
pulôver era pequeno demais. Ele tinha que ficar puxando-o para
baixo, tentando cobrir a barriga saliente. Parecia o tipo de sujeito que
combinava com uma faculdade antiga e bolorenta.
— Oi, Artie. Tudo bem? — perguntei, impaciente.
Ele empurrou os óculos de lentes grossas nariz acima com o
dedo médio e abriu sua agenda. Foi direto ao ponto.
— Ei, você está livre na quarta às cinco?
Ele pairava sobre mim com o lápis no ar e o queixo duplo
sobressaindo. Os olhos castanhos e lacrimosos cravaram-se nos meus
enquanto ele aguardava, esperançoso, minha resposta.
— Hã... claro, eu acho. O professor quer falar comigo?
Artie estava ocupado escrevendo na agenda, mudando
algumas coisas de lugar e apagando outras. Ele ignorou minha
pergunta. Então, fechou a agenda, enfiou-a debaixo do braço e puxou
o colete marrom até a fivela do cinto. Tentei não reparar quando o
tecido foi subindo novamente.
Ele me dirigiu um sorriso débil.
— Não, não. Essa é a hora em que vou buscá-la para o nosso
encontro.
Sem dizer outra palavra, Artie deu a volta em minha carteira e
se dirigiu para a porta.
Será que ouvi bem? O que acabou de acontecer aqui?
— Artie, espere. O que foi que você disse?
A aula estava começando e o colete dobrou a esquina e se foi.
Deixei-me afundar na cadeira, repassando, confusa, nossa conversa
enigmática. Talvez ele não esteja se referindo a um encontro de
verdade, pensei. Talvez sua definição de encontro seja diferente da
minha. Deve ser isso. Mas é melhor conferir para ter certeza.
Tentei encontrar Artie no laboratório o dia todo sem sucesso.
O esclarecimento sobre o encontro teria que esperar.
Naquela noite eu faria minha primeira aula de wushu. Vesti a
calça preta, uma camiseta e as sapatilhas brancas. Deixei a capota do
conversível abaixada enquanto atravessava a floresta em direção a
Salem. Todo o meu corpo relaxou à medida que a brisa fresca do
início da noite me envolvia. O sol, que se punha naquele instante,
pintava as nuvens de púrpura, rosa e laranja.
O estúdio de artes marciais era grande e ocupava metade do
prédio. Andei até o fundo da sala. Uma área ampla estava cercada por
espelhos e grandes tatames azuis cobriam o chão. Já havia outras
cinco pessoas lá. Três rapazes e uma garota em boa forma física
estavam se aquecendo a um canto. Alongando-se no chão, em outro
canto, estava uma mulher de meia-idade que me fez lembrar a minha
mãe. Ela sorriu para mim e pude ver que estava um pouco assustada,
mas também tinha um brilho determinado nos olhos. Sentei-me ao
seu lado e inclinei o tronco sobre as pernas esticadas.
— Oi. Prazer. Eu sou Kelsey
— Jennifer. — Ela soprou a franja, tirando o cabelo do rosto.
— Muito prazer.
O professor entrou no estúdio acompanhado por um rapaz. O
instrutor de cabelos brancos parecia velho, mas muito ágil e forte.
Com sotaque carregado, ele se apresentou como Chu... alguma coisa,
mas disse que devíamos chamá-lo de Chuck. O jovem que o
acompanhava era seu neto, Li, uma versão jovem do avô. Seu cabelo
era preto e bem curto, ele era alto e tinha o corpo musculoso, além de
um sorriso bonito.
Chuck iniciou a aula com uma breve explicação
— Wushu é uma arte marcial chinesa. Já ouviram falar dos
monges shaolin? Eles praticam wushu. O nome do meu estúdio é
Shing, que significa “vitória Vocês todos terão a chance de
experimentar a vitória quando dominarem o wushu. Conhecem o
termo “kung fu”?
Todos assentimos.
— Kung fu significa “habilidade”. O kung fu não é um estilo de
arte marcial. O termo só quer dizer que você tem habilidade. Essa
habilidade pode ser cavalgar ou nadar, O wushu é um estilo, O wushu
são chutes, alongamento, ginástica e armas. Sabem de alguém famoso
que usa o wushu?
Ninguém respondeu.
— Jet Li, Bruce Lee e Jackie Chan, todos usam wushu. Primeiro
vou lhes ensinar as saudações. É assim que vocês cumprimentam o
professor todas as aulas. Eu digo: “Ni hao ma?” e vocês respondem:
“Wo hen hao.” Isso significa “Como vai você?” e “Eu vou bem’
— Ni hao ma?
Respondemos hesitantes:
— Wo... hen... hao.
Chuck sorriu para nós.
— Muito bom, turma! Agora vamos começar com um pouco
de alongamento.
Ele nos orientou no alongamento de panturrilhas e braços e
então pediu que nos sentássemos no chão e esticássemos as mãos até
os dedos dos pés. Disse que queria que nos alongássemos várias vezes
por dia para aumentarmos nossa flexibilidade. Então nos fez abrir
espacate. Quatro dos meus colegas de turma estavam indo bem, mas
eu me sentia mal por Jennifer. Ela já estava ofegante só com o
alongamento e fazia um grande esforço para conseguir realizar os
espacates.
Chuck sorria para todos nós, inclusive para sua aluna com
dificuldades, encorajando-a. Em seguida pediu ao sobrinho que se
pusesse diante da turma, a fim de demonstrar a primeira postura em
que queria que trabalhássemos. Era chamada de postura do cavalo.
Dali passamos para a postura do arco e flecha, que torturou os
músculos das minhas panturrilhas, e a postura do gato. A postura de
esquiva era a mais difícil. Os pés ficam paralelos, mas o corpo tem que
tombar estranhamente para o lado. A última que aprendemos a
postura do descanso (ou da fênix), que na realidade era bem
cansativa.
Durante o restante da aula praticamos as cinco diferentes
posturas. Li me ajudou com o posicionamento dos pés e ficou algum
tempo demonstrando a postura de esquiva, mas ainda assim eu não
conseguia fazê-la corretamente. Ele foi muito simpático, sorrindo
para mim muitas vezes.
Jennifer estava com o rosto vermelho, mas parecia feliz quando
a aula terminou. O tempo tinha voado. Era bom me exercitar e eu já
aguardava ansiosa a aula seguinte — que seria na mesma noite de
meu encontro com Artie.
Procurei Artie no laboratório de idiomas três vezes na terça-
feira para esclarecer as coisas e, se tivesse sorte, cancelar o encontro.
Quando por fim consegui falar com ele, Artie fez um estardalhaço em
torno do adiamento de nosso encontro e seguiu virando as páginas de
sua agenda até esgotarem-se minhas desculpas. Comecei a me sentir
culpada e concluí que não iria me tzar sair com ele uma única vez.
Ainda que eu não tivesse qualquer interesse romântico por Artie, ele
poderia se tornar um amigo. Assim, aceitei o convite mais para o fim
do mês.
As semanas seguintes transcorreram sem incidentes, mas logo
me vi em outra situação incomum. Meu parceiro na aula de
antropologia, Jason, me chamou para assistir a um jogo de futebol
americano que comemorava o retorno dos atletas da universidade.
O convite me pegou de surpresa. Então caiu a ficha e percebi
que eu não notara as várias pistas que ele vinha me dando. Minha
mente estava tão voltada para os trabalhos acadêmicos que eu
presumira que ele também só estivesse interessado nisso.
Jason parecia um cara legal, mas não chegava nem aos pés do
homem que eu deixara para trás na Índia. Fiz rapidamente uma lista
mental das qualidades de cada um deles, e o lado de Jason ficou
muito menor. Eu sabia que não era justo comparar os dois. Ninguém
poderia competir com ele. Jason não fazia com que eu me sentisse
empolgada ou amedrontada, feliz ou nervosa. Meu coração não
disparava de ansiedade. Eu não sabia nem dizer se tínhamos alguma
química. Simplesmente me sentia entorpecida.
Preciso esquecê-lo. Tenho que seguir em frente e tentar namorar
alguém, disse a mim mesma. Mordi o lábio. Ele provavelmente acabou
com minhas chances de ser feliz com outra pessoa. Como eu poderia
gostar de outros homens quando não podiam sequer se comparar a ele?
Irritada com meu raciocínio circular, disse a Jason que adoraria
ir com ele ao jogo. Ele pareceu empolgado, mas temi que o garoto
confundisse meu entusiasmo em esquecer o passado com algum
interesse por ele.
Naquela noite, na aula de wushu, aprendemos chutes. Eram de
vários tipos: o chute frontal, o lateral, o circular para dentro e o para
fora, e o chute com o calcanhar acompanhado de um movimento com
a palma da mão. Meu favorito foi o de ponta de pé com o punho
fechado. Ele me fez sentir finalmente que eu poderia bater em alguma
coisa.
Praticamos chutes a aula toda até Chuck começar a nomear ao
acaso os diferentes tipos de chute para ver com que rapidez podíamos
nos lembrar deles. Durante a última parte da aula formamos duplas e
eu trabalhei com Jennifer. Li me pediu que demonstrasse os saltos e
me ajudou a posicionar os braços corretamente, orientando-me com a
postura antes de prosseguir. Logo depois anunciou o fim da aula.
Agradeci a ele e pratiquei mais um pouco sozinha.
— Li gosta de você — sussurrou Jennifer em tom conspiratório
quando acabei. — Não sei se ele vai ter coragem de fazer alguma coisa
a respeito, mas está na cara. Ele fica observando você o tempo todo. O
que acha dele?
— Não sinto nada por ele. É um cara legal, mas nunca pensei
nele dessa
— Ah. Tem outro na jogada. Franzi a testa.
— Não. Não mais.
— Ah, querida, você não pode simplesmente deixar a vida
passar enquanto protege um coração partido. É preciso se arriscar e
tentar de novo. A vida é curta demais para vivermos sem amor.
Eu sabia que ela tinha um casamento feliz de 15 anos. Seu
marido era um homem doce, de cabelos já rareando e que obviamente
a adorava. Todas as noites depois da aula ele lhe dizia que ela estava
linda e que estava emagrecendo tanto que já não podia vê-la de lado.
Então lhe beijava os cabelos castanhos encaracolados úmidos e abria a
porta do carro para ela. Se alguém pudesse ser considerado um
especialista em amor, esse alguém era Jennifer.
Pensei no que ela havia acabado de dizer. Sabia que estava
certa. Mas como se faz para mudar o coração?
Jennifer sorriu, solidária, recolheu suas coisas e apertou meu
ombro.
— Até a semana que vem, Kelsey.
Acenei enquanto se afastavam e fiquei olhando para a rua
escura e vazia por alguns minutos, perdida em pensamentos. Quando
me virei para pegar minhas coisas, percebi que todos já tinham ido
embora. Li estava parado á porta da frente, esperando pacientemente
que eu saísse para trancar o estúdio.
— Desculpe, Li. Acho que perdi a noção do tempo.
— Sem problema — disse ele, sorrindo.
Apanhei minha toalha, a chave do carro e a garrafa de água e
me encaminhei para a porta.
Assim que entrei no carro, Li me chamou:
— Ei, Kelsey. Espere.
Ele correu até a minha janela, enquanto eu baixava o vidro.
— Eu queria convidar você para jogar. Um grupo de amigos
meus vai se encontrar no Halloween para jogar Colonizadores de
Catan. É um jogo de tabuleiro em que você deve construir seu
império. Vai ter comida boa! Minha avó adora cozinhar. Você quer ir?
Posso ensiná-la como se joga.
— Humm.
Eu não tinha planos para o Halloween. Sabia que nenhuma
criança iria até a minha casa porque ficava muito longe da estrada.
Passar na casa de Mike e Sarah tampouco parecia uma boa opção.
Todas as crianças da vizinhança evitavam ir até lá porque eles davam
doces sem açúcar e faziam um discurso para os pais sobre os males do
excesso de guloseimas.
Li ainda estava ali esperando uma resposta, então falei:
— Claro. Parece divertido!
Ele sorriu.
— Beleza! Até mais!
Fui para casa me sentindo estranha. Quando entrei, joguei a
bolsa no sofá e peguei uma garrafa de água na geladeira. Subi a
escada, abri a porta da varanda do meu quarto e me sentei numa
poltrona. Inclinando a cabeça para trás, fiquei olhando as estrelas.
Três encontros. Eu tinha três encontros em duas semanas — e
não estava ansiosa por nenhum deles. Definitivamente havia algo
errado comigo.
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Queria ter três encontros rsrs mais em fim!!! Doida para saber o final dessa História
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